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No AC, servidores de cartório entram em greve e relatam ameaças
'Estamos aqui fazendo greve, mas já dizem que vamos ser demitidos'

Funcionários do Cartório do 3º Ofício de Rio Branco entraram em greve por tempo indeterminado, nesta terça-feira (2). A categoria denuncia casos de assédio moral e cobra melhores condições de trabalho. A administração do Cartório nega as denúncias e o caso será investigado pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC).

“A situação é precária. São apenas dois banheiros que funcionários e clientes dividem. A gente almoçava em um porão, mas depois de visitas da Vigilância Sanitária e da Justiça do Trabalho o local foi trancado e o almoço foi cortado. Não temos nem mesmo vale alimentação. Aí fica difícil”, conta a escrevente Josane Santos de Paula. Ela diz que os servidores acabam utilizando um arquivo como espaço para alimentação.

O cartório possui 16 servidores, desses, quatro estão em licença médica e 10 aderiram à greve. Como o tabelião oficial não vive no Acre, o espaço é administrado por dois substitutos, que, segundo Joseane, costumam ameaçar os trabalhadores.

“Se a gente erra ou reclama leva advertência. Estamos aqui fazendo greve, mas já dizem que vamos ser demitidos”, diz.

As acusações são negadas por Fernando Araújo, um dos tabeliões substitutos do Cartório. “Não ameaçamos ninguém de demissão por erro. O que a gente cobra e eles entendem como assédio moral, é que tenham mais atenção ao serviço, pois eles estão dando fé pública e isso precisa ser feito de forma correta. Os clientes quando vêm aqui esperam que o serviço seja feito com qualidade para que não tenham problemas futuramente”, explica.

Araújo diz ainda que providências já estão sendo tomadas para melhorar as condições de trabalho dos servidores. Entre elas, a disponibilização de vale-refeição, contratação de novos funcionários, fornecimento de fardamento e adequação de uma copa para a realização das refeições.

Justiça irá investigar
O juiz auxiliar da Corregedoria do TJ-AC, Leandro Leri Gross, esteve no local para verificar as denúncias e afirmou que, se constatada as irregularidades, o tabelião pode até perder o direito de propriedade do cartório.

“Isso tudo será objeto de um relatório de inspeção e remetido à Corregedoria, à desembargadora Regina Ferrari e aos membros do Tribunal de Justiça. As pessoas que trabalham aqui são celetistas e de responsabilidade do delegatário. Após essa inspenção, se forem constatadas irregularidades, ele irá responder administrativamente”, finaliza.

 

Fonte: G1